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» Home » Crónicas e Artigos » Dr. Fernando Morgadinho Santos Coelho » Parassonias II - Terror nocturno, Soníloquo e Pesadelos

 

Parassonias II - Terror nocturno, Soníloquo e Pesadelos

 

Dando continuidade às parassonias, hoje abordaremos o terror nocturno, o sonilóquio e os pesadelos.

 O terror nocturno é uma parassonia comum em crianças, mais prevalente em sono de ondas lentas, e portanto, mais comum na primeira metade da noite. É importante relembrar que este tipo de sono não tem relação com os sonhos, e portanto, não traz memórias dos fatos ocorridos. Os episódios se caracterizam com o indivíduo gritando, com os olhos esbugalhados e feição de pânico. As palavras são desconexas e não se consegue manter um contacto racional com o indivíduo, já que apesar de tudo, o mesmo permanece em sono profundo. A melhor medida é abordar calmamente a pessoa e gentilmente reencaminhá-la para a posição habitual de sono. Algumas famílias possuem predisposições para este tipo de parassonias e que tendem a desaparecer com a idade. O tratamento é excepção. Em casos de vários episódios em curto espaço de tempo, o tratamento medicamentoso e psicológico pode estar indicado. A abordagem psicológica pode ser importante, já que, este tipo de parassonia pode ser mais frequentemente vista em crianças que a estão passando por um período de maior ansiedade ou angústia.

O sonilóquio por sua vez, é outro tipo de parassonia que se caracteriza por uma conversa curta, muitas vezes com lógica e semântica razoáveis. No entanto, este tipo de parassonia ocorre também em sono de ondas lentas e o indivíduo não se lembra do ocorrido e não pode ser responsabilizado pelo que foi dito. O período da noite em que mais frequentemente ocorre também é na primeira metade da noite e o tratamento também não é regra. Novamente vemos a influência dos distúrbios de ansiedade que predispõem a um maior número de episódios em pessoas com predisposição.

Os pesadelos, diferentemente das outras parassonias, ocorrem e são resultados dos sonhos. Como os sonhos ocorrem na fase do sonho que chamamos de sono REM, por termos actividade importante dos olhos, os pesadelos são muito mais prevalentes no final da noite. Nós nos lembramos dos sonhos quando acordamos durante a fase do sono chamada de REM, sejam bons ou ruins. Nos pesadelos ocorre uma importante resposta do sistema cerebral responsável pelas emoções e a pessoa acaba acordando e se lembrando de tudo. Outra diferença em relação às outras parassonias discutidas acima é que as pessoas normalmente estão acordadas após os pesadelos. Os pesadelos são mais comuns em épocas da vida em que estamos ansiosos, deprimidos ou após um evento trágico, junto com o que chamamos de stress pós-traumático. O tratamento também é o suporte emocional e o tratamento medicamentoso de depressão ou estresse pós traumático, quando indicado.

Todo o indivíduo com distúrbio do sono deve ter uma avaliação apropriada. A calma ao abordar estas pessoas durante os episódios deve ser a regra e o acompanhamento por especialistas em casos seleccionados deve ser feito.

 

 

 

 

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